Seguidores do Blog SOS Rios do Brasil

27 de setembro de 2008

SEMANA DA ÁRVORE 2008 - Encerrando com poesia

Boa tarde, Professor Jarmuth !
vi no Blog http://sosriosdobrasil.blogspot.com/
sobre a comemoração do Dia da Árvore,
então envio estes dois poemas, que poderiam contribuir, caso seja oportuno.
abraços de vida plena,

Clarice Villac (Campinas).


Ipê-Roxo, meu amigo

José Mattos - Santa Rita do Pardo, MS



Apeei do meu cavalo
Sob o ipê-roxo copado
Enquanto o Zaino pastava,
Eu fiquei acocorado
Imaginando o que sente
Um ipê abandonado
À sua volta é ermo
Desprovido de vizinhos
Somente terra e areia
Que açoitados pelo vento
Sufocam o ipê de poeira

Suas raízes grandes e retorcidas
Que brotam aqui e acolá
Esfoladas pelos cascos
Renitentes da vacada
Reina só o ipê-roxo
Distante de amigos e parentes
Que em seu tronco ferido
Chora resinas de dor
Levantei-me pra me ir
Quando ouvi um suspirar
De tristeza e comoção,

Sem jeito, escabreado
Enlacei o pobre moço
Dei-lhe um abraço apertado

O pobre se agitou
Por certo emocionado
Deu-me um banho de flor roxa
Que me deixou abobado
Bem, já lá vinha a noitinha
Assoviei pro meu Zaino
De um sarto sentei na sela
Dei tchau pro meu novo amigo
Que me retribuiu num muxoxo

– Tchau meu amigo, Ipê-Roxo!


Sucupira branca (Pterodon emarginatus)
Réquiem Por Uma Jovem Amiga

Rômulo Pinto Andrade – Brasília, DF

"o brasileiro é antes de tudo um forte fazedor de deserto"
Bernardo Élis

Tantas vezes ao passar
pude sentir a graça
de tua insinuante beleza
coberta de flores rosadas.

Quando nas ásperas tardes
de um prolongado estio
eras sombra acolhedora
para alivio dos viventes

E lágrimas misteriosas
choravas serenamente
no silêncio deste vale,
tuas sementes curativas
espalhavas generosa
pelo vento.

Hoje lanço meu lamento
por estares assim inerte
à beira de uma estrada
desolada e poeirenta
do assentamento urbano.

O golpe do machado
do homem sem raiz
estúpido
inconseqüente
atingiu o fluxo
o cerne de teu tronco
e a alegria, a vida plena
que semeavas estancou-se,
minha linda sucupira.

Quando é que nossa gente
que depende tanto das árvores
terá olhos pra esta nobreza
e defenderá a vida e o encanto
que esses seres milenares propagam?

Uma observação:
não é figura de linguagem de poeta enternecido...
a sucupira tem essa característica rara de que caem gotas d'água de suas flores em plena seca... eu não acreditei até que um dia fui pintar em sua sombra e pude confirmar que ela chora, deveras.

2 comentários:

  1. boa tarde, poeta. Parabéns pelo belo poema. Conheço bem essa magnífica árvore, aqui na minha região tem muito delas ainda em pé. É considerada madeira de lei, por isso, apesar do desmatamento desmantelador, elas ainda sobrevivem essa devastação do "homem".

    Abraços

    José Mattos

    ResponderExcluir
  2. Prazer José, também gostei muito do seu singelo poema. Acabo de envia-lo pra uma rede de amigos, alguns em viagem pelo Japão. Legal sentir a ressonância da poesia do Cerrado. Discursos e protestos não chegam ao coração das pessoas. Grande abraço.

    ResponderExcluir

Seja bem vindo e deixe aqui seus comentários, idéias, sugestões, propostas e notícias de ações em defesa dos rios, que vc tomou conhecimento.
Seu comentário é muito importante para nosso trabalho!
Querendo uma resposta pessoal, deixe seu e-mail.

A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro pelo conteúdo do blog, inclusive quanto a comentários. Portanto, não serão publicados comentários que firam a lei e a ética.

Por ser muito antigo, o quadro de comentários do blog ainda apresenta a opção comentar anônimo; mas, com a mudança na legislação,

....... NÃO SERÃO PUBLICADOS COMENTÁRIOS DE ANÔNIMOS....

COMENTÁRIOS ANÔNIMOS, geralmente de incompetentes e covardes, que só querem destruir o trabalho em benefício das comunidades FICAM PROIBIDOS NESTE BLOG.
No "COMENTAR COMO" clique no Nome/URL e coloque seu nome e cidade de origem. Obrigado
AJUDE A SALVAR OS NOSSOS RIOS E MARES!!!

E-mail: sosriosdobrasil@yahoo.com.br