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22 de outubro de 2008

DISTRITO FEDERAL: NASCENTES DEGRADADAS (I)

Lago Paranoá em Brasília, recebe águas de ribeirões poluídos

Estudo mostra que um em cada cinco mananciais do DF está comprometido

Gizella Rodrigues - Correio Braziliense - 20/10/2008
Os recursos hídricos do Distrito Federal padecem diariamente por causa da ocupação desordenada das cidades e a falta de conscientização ambiental da população.

Levantamento da Subsecretaria de Defesa do Solo e da Água (Sudesa), feito para o Correio, mostra que 93 mananciais no DF têm graves problemas ambientais, como falta de cobertura vegetal, construção e ocupação urbana nas margens, processos erosivos, de assoreamento e contaminação por lixo, entulho e até esgoto.

O número representa 19,2% dos 484 mananciais mapeados. Significa dizer que praticamente um em cada cinco cursos d’água do DF está comprometido.
Os mananciais em pior estado são aqueles que acompanham o crescimento das cidades e dos assentamentos, irregulares ou não.

O diagnóstico é preocupante porque garantir a preservação das nascentes e córregos do DF seria uma forma de assegurar a sobrevivência dos recursos hídricos do Brasil inteiro. O DF não tem grandes mananciais, mas as águas que nascem transparentes no Planalto Central formam três bacias hidrográficas brasileiras: as dos rios Paraná, Tocantins-Araguaia e São Francisco.

Segundo especialistas, a falta de cuidado compromete a qualidade e a quantidade de água de todo o país.A região hidrográfica que está em maior perigo é a do Rio Paraná. É para lá que correm as águas do Lago Paranoá, que já chegam ao espelho d’água seriamente afetadas. De acordo com a Sudesa, todos os quatro ribeirões que deságuam no lago — do Gama, Riacho Fundo, Bananal e Torto — estão comprometidos. Cada um deles chega ao Paranoá por um braço diferente e toda a sujeira que é despejada irregularmente neles acaba no lago artificial.

O mais vulnerável é o Ribeirão Riacho Fundo, que recebe água de córregos que passam por Riacho Fundo, Guará, Núcleo Bandeirante, Águas Claras e Vicente Pires. Antes de chegar ao Lago Paranoá, ele se encontra com o Córrego Vicente Pires, que nasce em área degradada, perto do Lixão da Estrutural.

Moradores jogam garrafas e sacos plásticos, pedaços de roupas e isopor na água. O ribeirão também sofre uma série de interferências no caminho para o lago, como a ocupação da margem a menos de 30m da água, delimitada como Área de Proteção Permanente (APP), o depósito de lixo e entulho e o despejo de esgoto.

A Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb) faz monitoramento da qualidade do Lago Paranoá semanalmente. Em geral, quase toda a extensão do espelho d’água é classificada como excelente. Mas, no local onde o Ribeirão Riacho Fundo chega ao lago (veja mapa), perto da Ponte das Garças, a água costuma ser considerada imprópria. No braço norte, perto da Ponte do Bragueto, também há uma mancha de água classificada como imprópria no ponto onde deságuam os ribeirões Torto e Bananal.

Segundo o professor Geraldo Resende Boaventura, do Departamento de Geoquímica e Recursos Minerais da Universidade de Brasília (UnB), as águas dos ribeirões Torto e do Bananal eram consideradas de excelente qualidade até cinco anos atrás.
As nascentes dos cursos d’água ficam dentro do Parque Nacional de Brasília e, por isso, são preservadas. Mas as águas são contaminadas perto da Ponte do Bragueto, onde é despejada a galeria de águas pluvais, e sofrem interferência da ocupação do Varjão — perderam a vegetação natural em alguns pontos da margem e recebem entulho, areia e lixo. “Assim que saem do parque, os córregos sofrem um processo de degradação causado, principalmente, pela ocupação desordenada e equivocada”, afirma o professor.

Um dos córregos que forma o Ribeirão do Torto é o Urubu, que passa atrás do condomínio Privê do Lago Norte. Moradores que construíram a menos de 30m da margem tentaram desviar o curso do córrego para, assim, saírem da área considerada de preservação permanente. Para isso, escavaram e aterraram o manancial, plantaram grama e colocaram até blocos de asfalto na margem. Em julho, moradores foram flagrados jogando terra no córrego, chegaram a ser presos e vão responder por crime ambiental, que tem pena de um a quatro anos de reclusão. Por causa das interferências no córrego, a água está cheia de bactérias e o solo, desbarrancando.
Fonte: Jornal Braziliense

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