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28 de setembro de 2010

ÁGUA JÁ É OBJETO DE DISPUTA NO ESTADO DE SÃO PAULO


Seca prolongada faz produtor rural disputar água no interior de São Paulo

Ambiente. Agricultores e pecuaristas captam água em riachos e córregos para irrigar a plantação ou dar aos animais e são notificados pela Polícia Ambiental. Longo período sem chuva afeta a vida da população em geral - há lugares onde já há racionamento


26 de setembro de 2010

José Maria Tomazela - O Estado de S.Paulo

A estiagem que atinge o interior de São Paulo tornou a água objeto de disputa em alguns municípios. Por causa da seca, produtores rurais passaram a captá-la em riachos e córregos para irrigar a plantação ou dar de beber aos animais e foram denunciados à Polícia Ambiental por outros que se sentiram prejudicados. A falta de chuva afeta a vida em geral - há locais que já enfrentam racionamento.

Em Itapetininga, a 165 quilômetros da capital, a Polícia Ambiental notificou dois produtores rurais. Eles foram obrigados a suspender a retirada da água de ribeirões que deságuam no Rio Guareí, sob pena de apreensão dos equipamentos. A água era usada para abastecer centros de irrigação em lavouras de milho e feijão. De acordo com o comandante da 3.ª Companhia de Policiamento Ambiental, Edson Moraes, a fiscalização foi feita a pedido do Departamento de Água e Energia Elétrica do Estado (Daee) por falta de autorização para a captação.

Agricultores que irrigam lavouras a partir de afluentes do Rio Itapetininga também tiveram de suspender a captação porque as bombas de sucção já não alcançam a água. Segundo Moraes, os mananciais são afluentes da represa de Jurumirim, na região de Avaré. Como o nível da represa está muito baixo, as águas passaram a ser drenadas para o reservatório, deixando os leitos quase secos.

O produtor Paulo Nunes, do Sítio Fazendinha, tem açude próprio para irrigar 100 hectares de milho e feijão, mas a água está acabando. "Se não chover logo, terei de desligar os centros de irrigação", lamenta.

Em Cesário Lange, a 146 quilômetros da capital, um produtor rural foi obrigado a retirar uma barragem de pedras que havia feito no Ribeirão Aleluia para facilitar a captação. A água era usada para irrigar pomares de manga e laranja, mas houve reclamação de vizinhos prejudicados.

Produtores de verduras de Rio Claro, região de Piracicaba, também estão na mira da Polícia Ambiental. Os Rios Corumbataí e Claro, utilizados para irrigar as plantações, também abastecem a cidade e estão com os níveis comprometidos.

Dia a dia. A caseira Juraci Barbosa faz as contas de quantas vezes por dia carrega baldes de água para abastecer o bebedouro improvisado, na Fazenda Santa Helena, zona rural de Pereiras, a 161 quilômetros de São Paulo. "Dá mais de 20 litros por cabeça."

Não chove há 72 dias na região e, com o açude quase seco, os animais que se aproximam da água acabam atolando no barro. Ela passou a usar o poço doméstico, que também abastece a casa, para matar a sede do gado. Com tanto uso, o nível do poço baixou e a bomba queimou. "Enquanto não chega a bomba nova, tiro água no braço", conta.

Na região de Pereiras, até quinta-feira, o índice de chuvas na região era de 5 milímetros, menos de 10% da média do mês nos últimos anos. "Nem chuva teve, caíram garoazinhas", relata o pecuarista Silvano da Paz, do bairro dos Braganceiros. A escassez de água fez com ele que suspendesse uma integração de frangos de corte. O aviário permanece vazio. Com o tanque quase sem água, os 70 bois se equilibram no barranco para matar a sede. O nível baixo e a falta de oxigenação levaram à proliferação de algas no açude. "Pior é o pasto seco, com zero de alimento."

Famintos, os bois comem até os sacos de ráfia usados para armazenar ração. Fazendas vizinhas registraram mortes de reses por fome e sede. Outros produtores temem faltar água para frangos e suínos engordados em uma centena de granjas espalhadas pela zona rural.

"Mudei o ponto de captação duas vezes e o fio de água está cada vez mais ralo", diz o criador João Oliveira, que trabalha em uma empresa avícola. No Ribeirão das Conchas, que abastece Pereiras, a seca cortou o fluxo da água. O operário Antonio Abrantes corta caminho pelo leito de pedras com sua bicicleta e aproveita as poças para pescar. "Até os peixes estão com sede", brinca, exibindo um curimbatá que acabou de apanhar.

Com a captação suspensa, os 7 mil moradores do município convivem com o racionamento de água há 22 dias. A cidade passou a ser abastecida por antigos poços artesianos, mas a água não é suficiente. "Chega fraca, sem força para subir até o piso de cima", queixa-se o comerciante Ricardo Ribeiro, morador de um sobrado. O serviço municipal de água construiu às pressas mais um poço artesiano, mas a operação ainda depende de licença ambiental. Um trator-tanque tem levado água até as casas. De acordo com José Pereira, funcionário da prefeitura, há muito tempo não ocorre uma estiagem tão rigorosa. "Ao ponto de secar o ribeirão, isso nunca aconteceu."

Em Altinópolis, no norte do Estado, a 332 quilômetros da capital, a estiagem afeta o principal apelo turístico. O ribeirão que forma a cachoeira do Itambé, com 60 metros de salto, secou e outras 34 quedas d"água da cidade estão quase desaparecendo.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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