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28 de novembro de 2012

ATUAL SISTEMA DE ABASTECIMENTO HÍDRICO DO SEMIÁRIDO É CRITICADO


pesquisador Eng. João Suassuna, da Fundação Joaquim Nabuco

Pesquisador João Suassuna faz críticas fortes ao atual sistema de abastecimento hídrico do Semiárido.

Palestrante na Comissão de Meio Ambiente da Câmara Federal, João Suassuna, pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, em Recife, fez severas críticas ao atual sistema de abastecimento das populações residentes no Semiárido nordestino, que hoje vivem em situação de calamidade, devido a mais forte seca que assola a região nos últimos 50 anos.
Para Suassuna, perdeu-se uma singular oportunidade de se resolver esses problemas, ao se priorizar, no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o projeto da Transposição do Rio São Francisco. Em 2006, segundo o pesquisador, o governo federal deveria ter aprovado e iniciado o Atlas Nordeste de Abastecimento Urbano de Água (projeto coordenado pela Agência Nacional de Águas - ANA). Na ótica do pesquisador, a Transposição irá beneficiar única e tão somente, o grande capital, diferentemente do Atlas Nordeste, que visa o abastecimento das populações do Nordeste seco. O Atlas prevê o abastecimento de 34 milhões de pessoas, enquanto a Transposição, de 12 milhões de pessoas. Além disso, o Atlas Nordeste custa, em valores atuais, menos da metade dos valores previstos para a Transposição. Considerando os reajustes havidos, o projeto da Transposição custa atualmente cerca de R$ 8,3 bilhões. Já o Atlas, R$ 3,3 bilhões.
A crítica de Suassuna prendeu-se ao fato de que a disputa pelo acesso aos projetos do PAC recaiu na escolha do mais caro. Essa disputa passou a ser por dinheiro, deixando-se de lado a importância e a abrangência social da obra.
Em termos de propostas de convivência com a seca, o pesquisador destacou a importância do Programa Um Milhão de Cisternas Rurais, coordenado pela ASA Brasil e pelo Ministério de Desenvolvimento Social; a criação de animais resistentes às estiagens, a exemplo dos bovinos das raças Guzerá e Sindi, dos ovinos deslanados e dos caprinos, bem como o aproveitamento da flora nativa regional, principalmente as forrageiras. Lembrou, ainda, da importância do plantio de plantas xerófilas para alimentação do gado, a exemplo da Palma forrageira, e da fenação dos capins buffel e urocloa.
Suassuna aproveitou a oportunidade do evento para lançar o livro “Conservação da Natureza: e eu com isso?”. Nessa obra, coube a ele escrever o capítulo Coronelismo hídrico na transposição das águas do rio São Francisco.
João Suassuna concluiu sua palestra com uma frase muito bem recebida pela plenária: a vontade política não pode estar acima das possibilidades técnicas para a promoção do desenvolvimento do Semiáridosob pena de se perpetuar a lamentável situação pela qual passam os que habitam a região.
Vejam a reportagem da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Federal AQUI

Especialistas questionam ações de combate à seca no Nordeste na CMADS


Especialistas questionam ações de combate à seca no Nordeste na CMADS
O presidente da comissão, deputado Sarney Filho (PV-MA) afirmou hoje que as respostas do Ministério da Integração Nacional às necessidades emergenciais da seca “são lentas e não estão à altura das necessidades”. Ele também se manifestou contrariamente à transposição do Rio São Francisco. “O governo, que está gastando uma fortuna nessa obra, deveria cuidar da revitalização das águas do rio. A Agência Nacional de Águas (ANA) tem um projeto que custaria menos da metade da transposição. Esta só irá beneficiar as grandes empresas de irrigação”, disse Sarney Filho.
Este foi o balanço feito pelo presidente da CMADS sobre a audiência pública realizada hoje sobre a seca que o Nordeste brasileiro enfrenta, Conforme os participantes, trata-se da pior estiagem dos últimos 40 ou 50 anos.
Para Sarney Filho, existe água no Nordeste, e o que não se tem é um gerenciamento integrado de combate à seca. “Além disso, vemos uma grande discriminação ao Nordeste. Se a seca estivesse acontecendo em São Paulo, por exemplo, a repercussão  seria maior, bem como as respostas do governo”, lamentou o presidente da CMADS. Ele também apontou “uma certa folclorização da seca, com a mídia mostrando fotos do gado morto”
“Já estamos cansados dessas imagens divulgadas a cada seca mais grave”, enfatizou.
 
Criticas
O professor e pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) João Abner Guimarães Júnior defendeu, nesta quinta-feira (22), a implementação de uma espécie de programa “Água para Todos”, nos moldes do atual “Luz para Todos”, para resolver o problema de abastecimento de água no Nordeste. Doutor em Recursos Hídricos, Abner ressaltou que, com investimento de R$ 20 por pessoa ao ano, pode ser sustentada uma grande rede de abastecimento na região, com sistemas integrados de adutoras (dinâmica usada para transportar a água da fonte para o tratamento, que inclui canalização subterrânea, aquedutos e/ou túneis).
O pesquisador participou de audiência pública, na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, sobre a seca que o Nordeste brasileiro enfrenta – conforme os participantes, trata-se da pior estiagem dos últimos 40 ou 50 anos. De acordo com o diretor da Secretaria Nacional da Defesa Civil do Ministério da Integração Nacional, Rafael Schadeck, mais de 10 milhões de pessoas em 1.317 municípios estão sendo atingidas atualmente pela falta de chuvas no Nordeste.
Mau uso da água
Segundo Abner, existe, comprovadamente, bastante água no Nordeste Setentrional (região que engloba Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará). Na visão dele, o problema está no uso que é feito dessa água. “A seca é, sobretudo, um problema social. As políticas do governo são meramente paliativas ao longo de toda a história”, disse. “No Canadá e na Sibéria, não se reclama da neve”, comparou.
O pesquisador propôs a adoção de uma política de desenvolvimento sustentável para o Nordeste. Conforme Abner, a prioridade deve ser democratizar o acesso à água, ou o “abastecimento humano”, e não a irrigação.
O diretor do Ministério da Integração informou que já existe um programa do governo “Água para Todos no Semiárido”, por meio do qual já foram entregues, na região, mais de 181 mil cisternas (reservatório para armazenamento de águas da chuva). “Esse programa é baseado em soluções que funcionam bem na época da chuva, e não na época da seca”, contestou Abner.
Abastecimento por carro-pipa
O professor da UFRN defendeu ainda que a utilização de carros-pipa é o sistema mais precário de abastecimento de água que existe.
Na audiência, Schadeck informou que a principal ação do governo para os municípios atingidos pela seca é justamente a “Operação Carro-Pipa”, que leva água nesse tipo de veículo a moradores de cidades que decretaram situação de emergência devido à falta de chuva. “Não estamos dizendo que é o modelo mais correto, mas hoje é o meio que está levando água para quem precisa”, declarou.
Conforme o diretor do Ministério da Integração, o governo federal também já transferiu recursos para a recuperação de poços e para a chamada “bolsa estiagem” - auxílio emergencial financeiro para a população, no valor de cinco parcelas de R$ 80. A bolsa já foi concedida para cerca de 835 mil famílias e será ampliada em mais duas parcelas, ressaltou Schadeck. Além disso, de acordo com ele, o Executivo disponibiliza linha emergencial de crédito para recuperação dos produtores agrícolas em médio prazo.
Transposição do Rio São Francisco 
O professor João Abner criticou ainda o fato de as políticas do governo de combate estrutural à seca estarem sendo centradas no polêmico projeto de transposição de águas do Rio São Francisco. “Esse projeto é uma grande fraude, que foi vendido à população como solução para a seca no Nordeste”, opinou. Na visão dele, a transposição vai atender às demandas de irrigação de áreas agrícolas, e não vai resolver o problema de abastecimento de água para a população.
O pesquisador João Suassuna, da Fundação Joaquim Nabuco, também é contrário à transposição. Segundo ele, com o empreendimento, a água do São Francisco chegará onde já é abundante – ou seja, nas 70 mil represas existentes no Nordeste. “O problema do abastecimento das populações difusas não será resolvido com o projeto”, salientou. Além disso, ele destacou que a qualidade da água do rio é péssima - “um caldo de bactérias” -, sendo imprópria até para o banho. “Populações inteiras vão ser acometidas de doenças veiculadas por meio da água, como esquitossomose, se forem abastecidas pelo rio”, apontou.
O presidente da comissão, deputado Sarney Filho (PV-MA), que solicitou o debate, também se manifestou contrariamente à transposição do Rio São Francisco. “A transposição pode ser não só de água, mas de doenças também”, afirmou. “O governo, que está gastando uma fortuna nessa obra, deveria cuidar da revitalização das águas do rio”, complementou.
Sobre o assunto:
Especialistas dizem que Nordeste tem água, mas falta distribuição
As barrancas do rio São Francisco
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por João Suassuna — Última modificação 26/11/2012 10:01


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