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21 de fevereiro de 2013

Cientistas em Cubatão descobrem bactéria que 'come' poluentes

Doutora Elen Aquino coordena as pesquisas sobre a bacteria (Foto: Mariane Rossi/G1)
Doutora Elen Aquino coordena as pesquisas sobre a bacteria (Foto: Mariane Rossi/G1)


Pesquisadores da USP querem patentear a nova descoberta.
Após tratamento, água contaminada pode ser utilizada por indústrias.

Mariane Rossi

Um grupo de pesquisadores descobriu uma bactéria que remove poluentes da água utilizada em procedimentos industriais de Cubatão (SP) e a transforma em água totalmente pronta para o reuso. A descoberta é resultado de uma pesquisa feita no Centro de Capacitação e Pesquisa em Meio Ambiente (CEPEMA), da Universidade de São Paulo (USP), que é dedicado à pesquisa e educação ambiental em Cubatão.

A pesquisadora e doutora em Biotecnologia Elen Aquino Perpetuo foi a responsável por comandar a pesquisa. Ela conta que os estudos para tentar encontrar alguma bactéria que conseguisse remover os poluentes da água contaminada por resíduos industriais começaram em 2005. Os próprios pesquisadores poluíram uma pequena quantidade de água para realizar os testes. “Isolamos algumas bactérias que apresentam alta capacidade de degradar. Elas foram encontradas no ar de Cubatão mesmo. Estamos em uma região poluída, ao lado das indústrias”, explica ela.
Segundo Elen, o grande desafio era usar essa bactéria em uma água que realmente fosse contaminada pela indústria. A Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão, enviou o efluente para os pesquisadores e eles conseguiram constatar que realmente a bactéria consumia os poluentes. “Ela (água) contém compostos bem tóxicos e algumas bactérias têm a capacidade de comer esses compostos, de degradar esses compostos, usam esse composto como fonte de carbono. Eles retiram esse poluente do efluente e transformam em gás carbônico e em água, que é o que a gente chama de mineralização”, afirma a pesquisadora.
O efluente bruto no primeiro frasco. O segundo frasco após a remoção dos contaminantes e o terceiro depois da remoção da cor (Foto: Arquivo/CEPEMA)Nos frascos, da esquerda para direita, o efluente
bruto, efluente sem contaminantes e o terceiro,
depois da remoção da cor (Foto: Arquivo/CEPEMA)
Após esse tratamento biológico, a ‘água’ ainda está colorida, com um aspecto ruim. Por isso, é feito um novo processo, uma análise química para remover a cor. É utilizado uma espécie de filtro a base de carvão que é capaz de reter as impurezas e deixar a água transparente.  “É uma água totalmente descontaminada, pronta para reutilizar ou descartar. Não é água potável, é para reuso da própria refinaria. Geralmente águas de indústria não são recomendadas para uso doméstico”, diz Elen. Segundo a pesquisadora, a intenção do estudo é mostrar que há uma possibilidade de reutilizar a água nas indústrias, que gastam muito com a compra desse bem e tem alto consumo. Além disso, a aplicação da bactéria para despoluir a água seria uma ação boa para o meio ambiente e economicamente positiva para as refinarias.

De acordo com a especialista, existem muitos estudos na área de tratamento de efluentes.  Há bactérias que são capazes de degradar outros contaminantes, como gasolina, diesel, entre outros. Mas o ineditismo nesta pesquisa é em relação a bactéria achromobacter. “Esse tipo de bactéria nunca tinha sido descrita para o tratamento de efluentes. E pode ser que ela seja uma espécie nova, porque ela tem genes diferentes que tem essa alta capacidade de produzir enzimas que degradam o poluente”, explica.

A identificação e a ação de degradação da bactéria foram feitas pela doutora Elen e pelas as outras pesquisadores do CEPEMA. O trabalho de biologia molecular, que identifica as bactérias, foi realizado em São Paulo por pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas e do curso de Engenharia Química da Universidade de São Paulo (USP). A partir da descoberta, o grupo de jovens que fazem mestrado em Cubatão puderam desenvolver outras pesquisas acadêmicas, relacionadas as proteínas da bactéria, ao tratamento e remoção da cor da água e o isolamento da bactéria em áreas contaminadas por gasolina.

Agora, os pesquisadores querem patentear o processo para ver se conseguem baratear o custo. “A gente viu que na bancada funciona em um processo de até 2 litros. Agora a gente está pensando em um jeito de fazer em grande escala e economicamente viável”, afirma Elen. Eles irão montar uma espécie de aquário para poder fazer a patente para uso industrial e já calcularam que é possível tratar até 60 litros de efluentes por hora.
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Pesquisadoras do CEPEMA, em Cubatão, que descobriram e estudam a ação da bacteria (Foto: Mariane Rossi/G1)Pesquisadoras do CEPEMA, em Cubatão, descobriram e estudam a bactéria (Foto: Mariane Rossi/G1)


http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2013/02/cientistas-em-cubatao-descobrem-bacteria-que-come-poluentes.html
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