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26 de setembro de 2013

Vinte capitais do país têm água contaminada por cafeína e produtos de limpeza




Jornal GGN – Uma população estimada em 40 milhões de pessoas, residentes em 20 capitais do país, está passível de contaminação por elementos que podem alterar o sistema hormonal do corpo. O alerta é do INCTAA (Instituto Nacional de Ciências e Tecnologias Analíticas Avançadas) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que publicou estudo que aponta um total de aproximadamente 800 “interferentes endócrinos”, que também podem agir sobre o organismo de animais.

Falhas no sistema endócrino comprometem não apenas o bom desenvolvimento do corpo, mas até a capacidade de reprodução. Um dos elementos contaminantes detectado nos mananciais em todo o país é a cafeína. As capitais com os maiores índices dessa substância são Porto Alegre, Campo Grande, Cuiabá, Belo Horizonte e Vitória. No fim da lista, com os menores índices de contaminação, estão Manaus, Salvador, São Luís, Recife e Fortaleza.

Os pesquisadores da Unicamp explicam que a quantidade de substâncias encontradas nos mananciais – que acabam indo parar no abastecimento – vem do próprio consumo humano. Produtos de higiene são as principais fontes, e muitos desses elementos vão parar nos esgotos que, pela falta de tratamento adequado, acabam sendo despejados diretamente nos mananciais. Como as leis que regem o abastecimento de água não mencionam essas substâncias, elas são ignoradas pelos procedimentos de limpeza, fazendo com que retornem ao consumo humano.

Problemas

A falta de cuidado no Brasil com esses elementos não reflete o cenário fora do país. Entidades internacionais demonstram preocupação com esse tipo de contaminação. No ano passado, por exemplo, a OMS (Organização Mundial da Saúde) e o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) publicaram um relatório conjunto alertando para os possíveis riscos dessas substâncias, que podem comprometer os sistemas endócrinos humano e animal.

Além disso, já existem estudos no Brasil que apontam alterações significativas nos organismos de sapos e peixes, frutos de contaminação por essas substâncias. Em alguns países, como o Canadá, já foram identificados problemas de contaminação por hormônios presentes em pílulas anticoncepcionais – fato que levou ao colapso da população de peixes: os machos passaram a apresentar características de fêmeas, impossibilitando a reprodução.

No caso brasileiros, os pesquisadores alertam ainda para o fato de que o processo de tratamento de água não passou por grandes avanços, o que contribuiu muito para a deterioração da qualidade da água em todo o país. Com leis atrasadas, ignorando esse tipo de contaminação, a qualidade da água sempre aparece em boas condições nos testes regulamentados pelas portarias do Ministério da Saúde. Ainda não há casos graves de saúde constatados, mas os pesquisadores da Unicamp explicam que mudanças substanciais podem levar anos para aparecer, até mesmo uma geração.

O poder da cafeína

No levantamento do INCTAA foram coletadas amostras de água de mananciais e da água já tratada que chega à população de 19 capitais de Estados brasileiros e no DF (Distrito Federal). O nível de cafeína na água foi usado como indicador da presença de contaminantes que têm ação estrógena, isto é, um efeito semelhante ao do hormônio feminino. Segundo os pesquisadores, existem uma dificuldade química em achar, medir os compostos que têm atividade estrogênica, porque são vários hormônios, vários detergentes, pesticidas que têm essa atividade de confundir o sistema hormonal humano. Os cientistas explicam ainda que essas substâncias podem interagir entre si, de modo que o efeito estrógeno seja uma propriedade da mistura. “A toxicologia clássica não lida bem com misturas”.

Experimentos em laboratório mostraram que a presença de cafeína na água coletada tem uma correlação com a atividade estrógena, tal como detectada em experimentos. segundo os pesquisadores da Unicamp, a cafeína presente na água é quase toda excretada pela atividade humana. Como as pessoas consomem muita cafeína, seja junto a medicamentos, refrigerantes, energéticos, sua concentração também permite determinar quanto de esgoto foi lançado na água.

Grande parte dos estrógenos em zonas urbanas, onde não se usam pesticidas, vem do esgoto. Por isso, os pesquisadores tentaram encontrar uma impressão digital química, que não seja destruída na cloração, que possa ser parcialmente removida na estação de tratamento da água, mas que ainda permaneça em quantidades mensuráveis. A caféina acabou se mostrando um excelente indicador, dizem os cientistas da Unicamp.

De acordo com eles, algumas estações de tratamento são capazes de remover até 99% da cafeína da água, por isso, mesmo quantidades muito pequenas podem indicar se o estresse do manancial por esgoto é alto.

 





















 





Com informações da Unicamp

http://jornalggn.com.br/noticia/vinte-capitais-do-pais-tem-agua-contaminada-por-cafeina-e-produtos-de-limpeza


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