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15 de novembro de 2011

POPULAÇÃO TAMBÉM É CULPADA PELAS INUNDAÇÕES


A nossa Campanha sugere os mutirões de limpeza de bueiros

Bueiro entupido, enchente à vista


População também tem parcela de culpa em inundações. 47% dos casos de alagamento são provocados por obstrução no sistema de drenagem de água.

Além dos fatores meteorológicos – agravados pelo aquecimento global – e da falta de prevenção por parte do poder público, grande parcela da população também é responsável pelos estragos provocados por enchentes em várias cidades brasileiras. Dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, coordenada pelo IBGE, apontam que 47% dos municípios que sofreram alagamentos e inundações em 2008, ano do último levantamento, tiveram como principal problema a obstrução de bueiros e bocas de lobo. Nas regiões Sul e Sudeste do país, esse porcentual é ainda maior: 54% e 50%, respectivamente.
O destino inadequado de resíduos sólidos é outra situação agravante para 30% das cidades que enfrentaram enchentes no Brasil. A engenheira sanitarista da Tegeve Ambiental, Maria Rosi Rodrigues, estima que o bloqueio causado por resíduos lançados irregularmente no ambiente compromete no mínimo 40% da capacidade de drenagem das águas de chuvas por meio de bueiros e bocas de lobos.
Segundo a prefeitura de Curitiba, o diâmetro das manilhas das galerias pluviais na década de 1980 media quatro centímetros. Atualmente, diante das atuais circunstâncias, as tubulações têm dois metros de diâmetro para dar conta da vazão de água.
Assim, o primeiro passo do cidadão comum para evitar as consequências de uma enchente é não jogar lixo nas ruas e em terrenos baldios. Em Curitiba, só neste ano, o Departamento de Pontes e Drenagem municipal já coletou mais de 40 toneladas de lixo de rios e galerias do município – média diária de duas toneladas. Os resíduos mais encontrados são sacolas plásticas, mas não é raro encontrar pneus, material de construção, sofás, geladeiras e carcaças de carros depositados nos rios das cidade. Além de poluir o ambiente, os entulhos reduzem a área de vazão da água, aumentando o risco de transbordamento.
Impermeabilização do solo
O desmatamento de áreas urbanas e a impermeabilização do solo com o asfaltamento de ruas e a construção de imóveis também geram impacto com as chuvas, já que não permitem que o solo absorva parte da água, como explica a coordenadora do Programa Rede de Águas da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro.
Legislações recentes foram criadas para amenizar esse tipo de impacto, como a manutenção de no mínimo 25% de um terreno sem construção (mantendo a capacidade de absorção da água da chuva pelo solo) ou ainda a exigência de implantação de caixas de contenção de águas pluviais em áreas construídas de empreendimentos residenciais ou comerciais. O objetivo desta medida é fazer com que, no pico da chuva, a água fique armazenada no imóvel, sem sobrecarregar a estrutura da cidade para o escoamento de água.
Dicas
A engenheira Maria Rosi lembra que a água da chuva pode ser reutilizada para regar plantas, lavar calçadas e limpar janelas, por exemplo. Ela explica que uma forma de garantir melhor aproveitamento da água é a construção de uma rede de captação separada. “Em um ano é possível recuperar o valor do investimento com a economia na conta de água. Além da redução de custo, a pessoa diminui seu consumo e ainda contribui para a preservação do meio ambiente”, diz. De acordo com ela, a média de custo para a instalação de uma caixa de armazenagem de mil litros gira em torno de R$ 4 mil.
Em relação à impermeabilização do solo, a opção sugerida pela engenheira é cultivar plantas e montar jardins e quintais que ajudam na absorção da água. Se a pessoa acha difícil manter o gramado no jardim e quer evitar que o terreno fique argiloso, as saídas adequadas podem ser a cobertura com pedras de brita ou os pisos do tipo paver (blocos de concreto que são encaixados como paralelepípedos). Essas soluções são melhores do que calçadas de concreto.
Os pisos paver são as melhores opções para estacionamentos de veículos, conforme recomendação do gerente de Obras de Drenagem da prefeitura de Curitiba, Djalma Mendes dos Santos. “As pedras de britas não são recomendáveis. Com o tempo elas acabam compactadas e o solo fica impermeável”, lembra. Outra preocupação do gerente é com construções que usam areia. Santos orienta que a areia seja colocada em caixas de madeira ou cobertas com lona para que não seja levada pela chuva. “É melhor para o meio ambiente e representa economia para quem está construindo”, comenta.
Por: ANIELA ALMEIDA
Fonte: Gazeta do Povo – gazetadopovo.com.br



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